Protesto em Carutapera reúne comunidades do Vale do Gurupi contra grilagem de terras

Na manhã desta terça-feira (22), comunidades camponesas da região do Vale do Gurupi, no Maranhão, realizaram um protesto público em Carutapera contra a grilagem de terras e em defesa da titulação definitiva das áreas onde vivem. A manifestação foi organizada pela União das Comunidades em Luta (UCL) e contou com a presença de representantes de mais de dez comunidades.

Protesto em Carutapera reúne comunidades do Vale do Gurupi contra grilagem de terras - CTP News
Carutapera (MA), 22.04.2025. Foto: CTP News

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Carutapera (MA), 22.04.2025. Foto: CTP News

Protesto nas ruas e reunião

Enquanto os manifestantes percorriam as ruas centrais de Carutapera com faixas e palavras de ordem, uma reunião acontecia simultaneamente na Biblioteca Municipal, onde representantes da UCL e de comunidades envolvidas dialogavam com autoridades locais e membros do Judiciário.

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Carutapera (MA), 22.04.2025. Foto: CTP News

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Carutapera (MA), 22.04.2025. Foto: CTP News

Participaram da reunião a juíza titular da Comarca de Carutapera, Dra. Jéssica, a vice-prefeita Adriana Almeida, que também responde pela Secretaria de Administração e Planejamento, e o secretário de Agricultura e Desenvolvimento Econômico, Cledson Caxias, além de advogados que acompanham os processos jurídicos das comunidades.

Após a Biblioteca, o protesto seguiu com paradas em frente ao Cartório de Ofício Único e à Secretaria de Agricultura.

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Carutapera (MA), 22.04.2025. Foto: CTP News

Casos denunciados: grilagem e violência contra camponeses

A UCL apresentou relatos de comunidades que, segundo a entidade, enfrentam disputas territoriais com grupos externos, baseadas em documentos de origem duvidosa. Esses conflitos teriam gerado episódios de violência por anos, com tentativas de despejo e insegurança para centenas de famílias.

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Carutapera (MA), 22.04.2025. Foto: CTP News

Gleba Campina

Segundo a UCL, a família Finger, do Rio Grande do Sul, tenta ocupar áreas da Gleba Campina com base em registros fundiários contestados. A organização afirma que o conflito já resultou na morte de cinco posseiros.

Comunidades atingidas:

  • Povoado Vilela
  • Murujá
  • Iricuri
  • Pimenta
  • Manaus da Beira
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Carutapera (MA), 22.04.2025. Foto: CTP News


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Carutapera (MA), 22.04.2025. Foto: CTP News

Fazenda Nazaré

Em novembro de 2022, a comunidade Novo Paraíso teria sido alvo de um ataque armado atribuído à Fazenda Nazaré, com incêndio de casas e disparos que feriram duas crianças. A propriedade é acusada de tentar expandir ilegalmente seus domínios sobre uma ampla faixa territorial.

Demais comunidades impactadas:

  • Maracacoeira
  • Timbotiua
  • Arapiranga
  • Açutiua
  • Pedra Rica
  • Cabeceiras
  • Cearazinho
  • Bom Destino

Vila Aurizona

Moradores da Vila Aurizona relatam pressões e ameaças da mineradora canadense Equinox Gold, que atua na região com atividades de mineração, gerando tensões com a comunidade local.

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Carutapera (MA), 22.04.2025. Foto: CTP News

Comunidade Caju

Na comunidade Caju, em Carutapera, a UCL denunciou que áreas da região foram colocadas em leilão judicial em São Paulo, por meio de ações ligadas à empresa TOTALSERV, utilizando registros fundiários questionados. O leilão foi suspenso por decisão judicial, segundo a entidade.

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Carutapera (MA), 22.04.2025. Foto: CTP News

Violência durante protesto anterior

Em 2023, durante uma manifestação no Povoado Vilela, a UCL relata que um policial à paisana disparou contra os manifestantes, atingindo um camponês. Ainda segundo a organização, os camponeses foram processados, enquanto o agente não foi responsabilizado judicialmente.

Avanço judicial: comarca de Maracaçumé bloqueia registros suspeitos de grilagem

Durante o ato, a UCL comemorou uma decisão recente da Justiça da Comarca de Maracaçumé, que determinou o bloqueio de registros de terras naquela região. A medida, baseada em indícios de grilagem, atinge matrículas suspeitas de terem origem fraudulenta. A organização considera a decisão uma vitória importante para as comunidades que reivindicam o reconhecimento de suas posses.

Comunidades seguem mobilizadas por titulação

Todas as comunidades participantes já se encontram em processo de regularização fundiária, com ações em andamento junto a órgãos estaduais e municipais. A UCL defende que a titulação das terras é essencial para garantir a permanência das famílias e evitar novos conflitos.




Manoel Sousa

Carutaperense, jornalista e produtor de conteúdo com experiência em rádio, jornalismo digital e cobertura de temas policiais e cotidianos. Especializado em Jornalismo Digital pelas agências internacionais Reuters e AFP e pela University of Texas at Austin, reportagem investigativa pela Google News Initiative, Comunicação Oral e Escrita, I.A. e Direito.

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